"É a vida, mais que a morte, a que não tem limites."

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

ENQUANTO O TEMPO PASSA



(Estou em uma fase introspectiva, ao mesmo tempo, de muito trabalho. Amadurecendo algumas coisas, cultivando outras. Esperando o tempo da colheita. Para não abandonar o blog, reedito um texto de 2008, um dos que mais gosto, pelo significado que tem para mim).



... doce nome de filha

Eu já disse em outro post que minha infância tem a luz da casa dos meus avós paternos.
Minha menina de cachos tem o mesmo da minha avó materna. Elas nunca se encontraram... Mas eu conto para minha menina histórias da bisavó.
Minha avó era muito doce. Eu era uma criança muito quieta e ela sempre me entendeu. Gostava de ficar em cima da cama no quarto dela enquanto era arrumado e ver a poeira dançando nos raios de sol. Estou nesta cama na minha foto preferida.
Ela me contava sobre sua infância e juventude, histórias que me encantavam. Filha mais nova de uma família bastante tradicional na cidade, suas roupas eram feitas por uma modista copiando figurinos que vinham de Paris (eu ainda tenho uma revista com estes figurinos). A casa dos meus avós era cheia de pequenos tesouros escondidos em armários e gavetas, xícaras chinesas delicadas como asas de borboletas, vidros de perfumes que cheiravam como um jardim inteiro, broches e enfeites vindos de lugares exóticos...
Minha avó era capaz de pequenos gestos cheios de significado. Cada neta tinha uma xícara especial para tomar café com leite e para cada uma ela fazia um bolo especial (meu irmão veio bem depois). Cozinhava divinamente. Também era muito bem humorada, gostava de contar piadas, adorava festas e estava sempre lendo, romances históricos que eu adorava ir comprar com ela no Mercado. Era muito sincera, para desgosto do meu avô, e histórias a respeito desta sinceridade fazem parte das lendas familiares.
Esta minha avó serena, que todos amavam, não teve uma vida fácil, no entanto. Perdeu dois filhos, um ainda criança, de sarampo. E outro, meu tio mais bonito e inteligente, morreu muito jovem em uma tragédia. Imagino que para ela e para meu avô a vida não tinha tantas cores quanto as que eles nos davam.
Ela tocou a vida de muita gente com sua delicadeza. Espero que minha menina seja, como ela, uma verdadeira dama.
(Minha outra avó tem nome de flor, mas é na verdade uma velha e bela árvore. Em sua sombra se abriga uma grande família, unida pela sua presença).



13 comentários:

Paulo Sales disse...

Bonito texto, Nina. E bela foto também (pelas fotos que vejo no orkut seu rosto mudou pouco).
Não pude conhecer bem minha avó materna. Lembro de coisas que indicavam sua presença, como uma cama de ferro, de hospital, na qual ela passou os últimos dias. E do jardim cheio de folhas secas no chão, projetado na minha mente, quando minha mãe me disse que ela tinha ido para um lugar florido. A avó paterna nunca foi muito próxima, e sua morte não me causou maiores sobressaltos. Uma pena. Gostaria de ter tido, como minha filha e como você, avós presentes, capazes de deixar lembranças tão sólidas.
Um beijo

Anônimo disse...

Post bonito e sensível como você.
Linda desde pequena.

Beijo

Heloísa Sérvulo da Cunha disse...

Ana,
Esse post é mesmo muito bonito, e mereceu ser reeditado.
E a foto é uma lindeza.
Beijo.

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Lindo texto... perfeito!

Daniele disse...

Que espaço lindo! já aderi!
acredito piamente que tudo o que escrevemos será de grande valia para os pequenos quando forem grandes... e se não servir a eles, ao menos serviu aqueles que nos acompanharam no dia a dia...

um beijo grande e se tiver interesse passe lá no meu cantinho, o "nao sei responder' onde posto coisinhas para o meu pequeno também, muitas sobre ele, outras sobre mim...

3 x Trinta - Solteira, Casada, Divorciada disse...

Linda foto, adorei a sua avó.

Ótimas histórias e memórias.

Beijão,

Bela - A Divorciada

Ana Paula disse...

Nossa, lembrei da minha avó fazendo trancinhas no meu cabeço e colchas de retalhos. Ela contava história e adorava orquídeas. Não, ela não morreu, só mora longe agora e anda meio doentinha.

Amei o blog, favoritei nos meus feeds, quando tiver mais animadinha colocarei no meu blog o link.
Sabe, hoje completo 23 anos, e não está sendo um dia feliz. Mas tudo bem, acontece não é mesmo.
Beijocas.
SE cuida.

Ana Paula disse...

Era CABELO, mas tudo bem, agora já foi.
Fica os dois, CABEÇA com CABELo e tudo certo.

Sorte!

Nina disse...

Paulo,

Obrigada pelas palavras, e que bom que você acha que mudei pouco.

Pena, mesmo, que você não teve a convivência das avós. Tantos elas, quantos meus avôs, compõe boa parte das lembranças felizes da minha infância. Que bom que sua filha pode ter essa experiência!

Bjo

Anônimo,

Obrigada!

Bjo

Helô,

Obrigada! Adorei o lindeza!

Bjo

Nina disse...

Albuq,

Obrigada!

Bjo

Daniele,

Obrigada, é tão bom ter gente nova por aqui!
Vou sim, passar no seu cantinho.

Volte sempre,

Bjo

Nina disse...

Bela,

Obrigada!
Minha avó era mesmo ótima, assim com a outra, que ainda está por aqui.

Bjo

PKB,

Que lindas lembranças você tem!

Volte sempre por aqui (já passei por lá para lhe deixar um beijo pelo aniversário)

Bjo

Arts Personalizadas! disse...

Pelo pouco que vejo das fotos da sua menina... ela mega se parece com vc na infancia!! pelo menos a boca parece ser identicas! imagino como deve ser linda!! Parabéns pelo blog!!

Priscila Sérvulo disse...

Nina, que foto e post lindos!
Esse aqui, somado ao dos contos de Andersen, tb me fazem lembrar a minha avó, e imaginar que nós tivemos pontos em comum na infância.
Ela sempre lia o conto dos Cisnes, eu tb acreditava que na casa dela havia tesouros... Assim me parecia. Hoje vejo que o principal deles era o da fantasia... do sonho...
quem sabe um dia nos conhecemos e vamos descobrir outros pontos em comum?
beijo grande, Pri

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