"É a vida, mais que a morte, a que não tem limites."

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

"NÃO PRECISO DO FIM PARA CHEGAR"

Tem gente que passa a vida na cidade em que nasceu, casa-se com o primeiro namorado, é aprovada no concurso do Banco do Brasil aos 21 anos e assim segue a vida. Muitas vezes tenho inveja das pessoas feitas de certezas absolutas... Eu estou sempre de mudança, e de tanto deixar coisas e pessoas para trás, tornei-me em pedaços e dúvidas.

E foi assim janeiro, mês de fins, de rompimentos que sei definitivos, mesmo que tenha dito que eu continuo aqui. Mais uma vez, (de) partida.

Amanhã, muda tudo, de novo. Outra tentativa? Outro acerto? Não sei. Sei que para mim é difícil dizer adeus.  Prefiro ir partindo aos poucos, esgarçando-me, até ser como disse Manoel de Barros, poeta maior:

"Do lugar onde estou, eu já fui embora".



Eu Não Sou da Sua Rua
Composição: Branco Mello - Arnaldo Antunes
Eu não sou da sua rua,
Não sou o seu vizinho.
Eu moro muito longe, sozinho.
Estou aqui de passagem.
Eu não sou da sua rua,
Eu não falo a sua língua,
Minha vida é diferente da sua.
Estou aqui de passagem.
Esse mundo não é
Meu, esse mundo não é seu

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

PALIMPSESTO

Eu amo o cheiro das noites de verão. Cheiro da terra que libera o calor guardado durante o dia: de maneira preguiçosa enquanto a noite cai, ou violentamente sob a chuva. O verão é a minha estação, é a que constrói  minhas memórias afetivas. Basta o perfume da dama-da-noite para eu voltar à infância, onde cheiros, luzes e sons se misturam e sempre é o eterno pôr do sol de férias na praia ao mesmo tempo em que espio a tempestade da janela mais alta junto com minha mãe.




Minha menina vai fazer sete anos e espero que essas sejam as férias sobre as quais suas memórias serão construídas. Tivemos férias incríveis, nós duas junto a amigos queridos e generosos. Férias de ir à praia todos os dias, aprendendo com o mar que é sempre o mesmo e nunca igual. Férias de sol e águas transparentes, de caldos e capotes, de nadar sem roupa na chuva. Férias de pular no colchão, de dormir de cansaço, de Morango, de velhos sabores. Férias de aprender a fazer castelos de areia e descobrir que eles não duram, mas há sempre material para uma nova construção. Férias de passar a noite toda acordada conversando com quem já não está. Férias de café da manhã na cama, comida maravilhosa feita pelos amigos e do cachorro-quente mais caro do mundo! Férias de conhecer e reencontrar o Rio de Janeiro e criar novo significado para praia do Leblon.







E voltar para casa... Voltar e tentar fazer um ano verdadeiramente novo. Mudar a rota. Hoje, deitada na piscina com minha filha, o verão à nossa volta, olhando ora as nuvens, ora as estrelas, achei um novo norte.

"Mãe, as estrelas, mesmo quando se escondem, estão sempre ali para brilhar."



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