"É a vida, mais que a morte, a que não tem limites."

domingo, 23 de agosto de 2009

A FILHA QUE EU SEMPRE QUIS TER

Só quem tem (ou teve) criança em casa pode verdadeiramente compreender o verso:
"Hoje eu quero a paz de crianças dormindo"
Porque criança é um nunca cessar de atenção, ruídos, sustos e alegrias. Minha menina de cachos está o tempo todo se movimentando. Até televisão ela assiste ora de cabeça pra baixo, ora pulando, ora correndo...Acho que vem do contraste o absoluto encanto que sinto ao vê-la dormir tão serena.
Quando dormimos juntas, ela gosta que eu segure o seu pezinho. E quando ela está acordada e pensa que eu estou dormindo, me faz carinhos no rosto e cabelos, assim como eu faço para que ela durma. Se ela pensa que acorda antes de mim, beija meu rosto com muito carinho, cheia de cuidados para não me despertar.
Ela dorme. E eu posso sentir o seu cheirinho de criança feliz. Observar seus traços perfeitos (para quem nunca viu, acredite: minha filha é linda!). Nestes momentos de quietude, existem em mim paz e felicidade. Mas nada me causa mais júbilo do que as noites em que sou acordada por suas gargalhadas. Ela ri em seus sonhos, e eu sei então que devo estar no caminho certo...
(Sempre choro ao ouvir essa música:)


domingo, 16 de agosto de 2009

ÂNCORA E VELA

Segue um belo, muito belo, poema. Pedi e obtive autorização do autor para publicá-lo aqui no blog. E vou sempre me lembrar da noite linda em que li esse poema pela primeira vez.

Eu prefiro as velas. Um porto. E um farol.

E você?

ÂNCORA E VELA
Roberto Marinho Guimarães

Há quem seja
Na vida da gente
Âncora
Ou vela.

Optamos pela âncora à vela
Na maioria das vezes.

Âncora sugere segurança.
Vela, desafio.

Âncora detém
Na linha d’água
Morta a esperança

Vela mantém
No paradoxo da incerteza
O amadurecimento da alma,
A satisfação de viver e
Não permitir que, ao largo, a vida passe.

domingo, 9 de agosto de 2009

AUSÊNCIA

Entre meus livros - e filmes - preferidos, está "Fim de Caso" (The end of the affair), de Graham Greene. É uma obra muito bonita e também triste e eu gosto da maneira como Greene aborda a questão religiosa. Há no livro uma frase que me veio à mente nos últimos dias:
" People can love each other without seeing each other, can't they? (...)" ou "As pessoas podem amar sem se ver, não é?(...)"

Deixando de lado o livro e o filme (recomendo ambos), ando às voltas com esta questão. Sim, é possível amar sem ver, mas de pertinho é bem melhor! As pequenas alegrias do convívio diário trazem aos relacionamentos uma cumplicidade que a distância não permite. Gostaria que meus amores estivessem todos perto o batante para que um telefonema fosse o suficiente para alcançar e chegar. Quem se ama, queremos ao alcance dos olhos, da mão, de todos os cinco sentidos, enfim! E a saudade? Ah, como dói a saudade!

Desta vez foram duas semanas. Longe da minha menina. Nos falamos todos os dias pelo telefone. Eu a vi pela webcam e não pude arrumar seu cabelinho desalinhado. Algumas vezes, ela chorou (e eu também).
Sua vozinha me contava coisas que eu não vivi ao lado dela e foi uma delícia escutar a sua versão dos fatos mais importantes do cotidiano. Não sei qual foi o noticiário local nesses dias, mas soube quais foram as brincadeiras mais divertidas, os amigos que apareceram em casa e como a gatinha e a cachorra passaram seus dias. Também soube que ela foi dormir com meu pai e gostou do sabor da pasta de dentes.
A ela também não contei dos lugares em que estive, do filme a que assisti, dos dias de sol iluminando lugares lindos. Não contei da lua cheia brilhando sobre o mar. Mas contei, a cada dia, um detalhe da surpresa que ela iria ganhar quando eu chegasse. Brincamos de adivinhar, fizemos cócegas uma na outra à distância e contamos "1, 2, 3 e já!" para desligarmos juntas o telefone.
Fui feliz nesses dias, apesar da falta que ela me fez. E já sinto saudades do que agora está longe.
O vazio tem ocupado muito espaço em minha vida ultimamente.

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