"É a vida, mais que a morte, a que não tem limites."

terça-feira, 9 de março de 2010

MERCÚRIO


Meu avô era dentista e às vezes nos deixava brincar com bolinhas de mercúrio, colocadas dentro de um vidro. Claro que não fazíamos a menor idéia do quanto aquele lindo metal líquido era perigoso e confesso que às vezes desobedecia a regra de não tocar. Como um daqueles joguinhos de achar a saída do labirinto, o mercúrio insistia em sempre fugir para onde eu não queria. Dividia-se e se juntava de novo, aleatoriamente. Ou ao menos, assim me parecia.

Agora eu cresci e não brinco mais com mercúrio. Mas meus sentimentos andam a brincar comigo como essas bolinhas brilhantes, lindas e fluidas. Fogem de mim, reaparecem, sem que eu possa tocá-los, retê-los ou comandar-lhes a direção. Belos, perigosos e por vezes intoxicantes. Como a órbita excêntrica do planeta com o mesmo nome, oscilam entre extremos. Contudo, da mesma forma que o metal é usado na fabricação de espelhos, conhecer esses lugares escuros me permite enxergar-me melhor. E a partir desse conhecimento, vou passar a refletir a luz, e não, a escuridão.


10 comentários:

Andarilho disse...

A gente cresce, mas nunca deixa de ser criança. Só mudam os brinquedos, que alguns teimam que são os outros.

Nina disse...

Andarilho,

Seu comentário foi preciso. Infelizmente...

Bj

Ricardo Bueno Suman disse...

Lindo post... Parabéns, Nina

Anônimo disse...

Nina,

Belas palavras para sentimentos universais. Por vezes dolorosos, mas melhor sentir que ser oco.

Beijo,

Felipe

Heloísa Sérvulo da Cunha disse...

Nina,
Com certeza, conhecer-se é muito importante. Mas demanda tempo e experiência. E, enquanto isso, você vai espalhando sua luz.
Beijo.

Nina disse...

Ricardo,

obrigada pelos parabéns! Volte sempre!

bj

Felipe,

Que legal, muitos homens se manifestando nesse post...
Você tem razão, sentir sempre vale a pena.

bj

Nina disse...

Helo,

Obrigada pelo comentário e pelas palavras iluminadas! Viver é isso... É o caminho, e não a chegada, que importa.

Bj

Anônimo disse...

O que houve, é o amor que está lhe deixando triste?

3 x Trinta - Solteira, Casada, Divorciada disse...

Que lindo isso, Nina!

É, Anônimo, o amor às vezes nos deixa triste. Nem só de felicidade ele é feito =(

Mas é bom, a gente amadurece =)

beijão

deb

Nina disse...

Anônimo, Deb,

Obrigada pelos comentários!

O texto não fala necessariamente ou exclusivamente de amor... Por isso, usei a palavra "sentimentos". São muitas mudanças que estão ocorrendo na minha vida, que às vezes me confundem, outras me entristecem... E, sim, às vezes me alegram, também.
É como disse Guimarães Rosa:

"O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem"

Coragem, então! E 'bora manter-se em movimento!

Bj aos dois

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