"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
Nunca gostei dessa frase. Ela diz exatamente o contrário do que penso sobre o amor. Amor é liberdade, para si e para a pessoa amada. Cativo é escravo, e não quero aqueles que amo, ou que me amam, presos a mim. Tampouco quero assumir a responsabilidade pela vida alheia, pior ainda, pela eternidade afora... Quanto egoísmo há em amar alguém e entregar a ele a própria vida.
Essa visão de que amar é "pertencer a alguém" é bastante popular, eu sei. Há filmes, livros, poemas, músicas. Eleita "a música da década de 80", a linda melodia de "Every breath you take" do The Police, me causa falta de ar só de imaginar alguém me vigiando a cada vez que eu respiro. A cada vez que eu me movo...O próprio Sting, mais esperto e melhor casado, alguns anos depois cantou: "If you love somebody, set them free" (se você ama alguém, deixe-o livre). Djavan cantou: "vem me fazer feliz porque eu te amo". Para piorar, ainda completa "esqueço que amar é quase uma dor. Só sei viver se for por você." Como assim? Como dizem em inglês, get a life.
Amor - seja por quem for, Deus, pai, mãe, filhos, amigos, amantes, parceiros - é alegria, é doação desinteressada, é compartilhar e principalmente, agregar. Acrescentar descobertas e experiências à vida do outro e à minha. Amor é movimento, seguir em frente, desfrutar o caminho. Cuidar sem vigiar. E não, cativeiro.
Eu amo minha filha, sei que ela me ama. Mas não sou eu a responsável pela felicidade dela, embora seja uma das responsáveis por seu bem-estar, enquanto ela ainda é criança. E a melhor maneira de demonstrar meu amor por ela é ensiná-la a ser livre e a amar a si mesma. Só aquele que encontra a felicidade por si é capaz de dividi-la.
14 comentários:
Nina,
Falou e disse.
Penso exatamente como vc. Amor verdadeiro é aquele desinteressado.
Adoro o Pequeno Principe, mas concordo que, pensando bem, certos conceitos dele são bem equivocados.
Dou o maior valor para amores e amizades gratuitos. São os mais bacanas.
Beijos
Ana Paula.
Concordo 100% (especialmente quando falamos de filhos. Se trabalharmos direito eles nunca ficarão presos a nosso amor!) .... maaaassssss ....
Eu leio a frase de uma forma um pouco diferente::
se você cativou alguém, signfica que esse alguém é que a ama. Se esse alguém a ama, suas ações podem influir na vida desse alguém, daí você ser responsável por aquilo [aquele] que cativas.
Sua responsabilidade reside no fato de você pensar duas vezes antes de fazer o outro sofrer etc etc ...
Post bom pra pensar.
Gracinha seu blog Nina.. voltarei mais vezes.
Bjs!!!
Nossa, amei o post.
Concordo plenamente, ser escravos do amor não é saudável, quando depositamos nossa felicidade nas mãos de outra pessoa quase sempre nos frustramos.
Que possamos amar e ser livre e felizes sempre!
Adorei as dicas sobre as brigas de crianças que vc deixou no meu blog.
Bjs flor!
Bonito, Nina. Amor tem que ser libertação. Por mais difícil que seja, né?
Beijão,
Bela - La Divorciada
Nina,
Lindo texto.
Concordo com você. Não é possível, nem saudável, um amor que suponha cativeiro. E nem é humano, essa responsabilização pela vida inteira.
Beijos.
Muitas vezes já escravizei e fui escravizado em nome do amor.
Hoje, o amor pra mim é compartilhar a vida e não criar expectativas alheias.
Demorou, mas aprendi.
Ótimo post - pra variar!
beijos
Oi, Ana,
Que bom que gostou do texto. Pois é, acho que o Pequeno Príncipe é um livro lindo, mas ele é uma criança. A gente amadurece e o amor egoísta dá lugar a uma maneira mais madura de amar.
beijo
Oi, Alexandre,
Com certeza, devemos sempre agir com respeito ao outro. Falo disso no meu post de ano-novo, "Intenção e Gesto", sobre tratar as pessoas sempre como fim, e nunca como meio.
Mas os responsáveis últimos por nossa felicidade somos nós mesmos. Como canta Almir Sater,
"cada ser em si carrega o dom de ser capaz de ser feliz". A gente ajuda aqueles que ama, e que nos amam, quando lhes damos espaço para exercer essa capacidade.
beijo pra vc e pra sua família!
Oi, Simone,
Que bom que gostou!
Volte sempre mesmo.
beijo
Oi, Danny,
Obrigada! Concordo com a palavra que você escolheu, não é "saudável" assumir a responsabilidade pela felicidade alheia, ou depositar a nossa felicidade nas mãos de outra pessoa.
Que bom que gostou do meu comentário.
beijo
Bela e Ricardo,
Pois é, foi uma caminhada, na verdade, esse desprendimento. Não é fácil, e como você, Roberto, já cometi equívocos. O bom é que aprendi com eles.
beijos pra vocês
Heloísa,
Obrigada pelo elogio. Você é um exemplo de amor para mim!
beijo
Nina,
acho que esse é um dos grandes desafios da maternidade... Um aprendizado.
bjs,
Priscila.
Oi, Pri!
É, por estranho que pareça, a gente também aprende a amar!
"Amar se aprende amando", como disse o poeta.
beijo
Ah! Você tirou as palavras de minha boca! Também nunca gostei dessa frase! Sempre a achei meio arrogante. Se você cativa algo é porque é doce, leal, mas jamais pode se responsabilizar por quem te cativou. Nem mesmo pelos filhos, embora, como disse, o bem estar deles dependam da gente na infância. Cada pessoa é livre para seguir seu próprio camigo e se magoar aquele que cativou, este, que ama, deve saber perdoar e não agir com rancor.
Gostei,acredito que o amor tem que dá liberdade para para o outro ir e voltar,pelo amor.
Evanice Lucas
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