"É a vida, mais que a morte, a que não tem limites."

segunda-feira, 24 de maio de 2010

AMOR

Rezo por minha filha todas as noites. Peço por saúde, felicidade, realização pessoal... E peço, sempre, para que ela tenha a felicidade de ser feliz no amor. Que ao se apaixonar, ela possa encontrar no amor também respeito, companheirismo, sinceridade, verdade.

Minha menina, ainda distante das delicias (e dores) do amor, vai encontrar um mundo em que os relacionamentos andam frágeis. Corre-se sempre o risco de trazer para as relações amorosas a mesma expectativa que temos em relação à tecnologia: querer sempre o mais novo, o mais bonito, o mais atualizado.  Buscar não apenas a satisfação pessoal, mas também ter alguém que se possa exibir. E na expectativa da novidade que seja melhor, ainda que se encontre o amor que se julgava buscar, a procura continua.

Mas amor não é jogo, não é medir forças, não é criar estratégias de conquista. Amar é chegar em casa, é reconhecer-se no outro, ao mesmo tempo que se deixa espaço para as diferenças. É um nunca se cansar de descobrir ternuras. Pode-se amar à primeira vista, mas para construir o amor, é preciso tempo e dedicação. É preciso paciência para que as lacunas deixadas pelas dúvidas sejam preenchidas com intimidade. Numa época feita de rapidez, tem sorte aquele que encontra alguém com quem possa conversar com calma, em quem se possa confiar, com quem se possa contar.

No entanto, os caminhos do amor devem sempre ser vias duplas. Levar ao outro e trazê-lo a si. O desequilíbrio dos quereres traz sofrimento. Amar ao outro como a si mesmo, e não mais do que a si mesmo, essa é a medida, o ponto de equilíbrio. Então, se há dor, é esse o fim? Deve ser esse o sinal de alerta para o fim do amor? Porém, é possível que nossa vontade comande nossas vontades?

Se não decidimos quando começamos a amar, podemos decidir quando deixar de amar?

Amor quer ser presença e não, lembrança.



Amor é privilégio de maduros
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.

É isto, amor: o ganho não previsto,
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe

valendo a pena e o preço do terrestre,
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.

Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.

14 comentários:

Anônimo disse...

Nina, minha querida,

É como diz o Drummond, mesmo.

Felicidade e muito amor para as duas!

Bjo

Marcos disse...

Que bom seria se todas as mães pudessem desenhar o amor que as filhas merecem.... mas sabemos que ela vai crescer... se apaixonar... amar... sofrer por amor...

Enfim, ela vai viver a vida como todos nós!

E reze mesmo pois o caminho dela deve ser iluminado!

bjs

Andarilho disse...

Será que a gente não decide mesmo, tanto começar quanto terminar? Talvez de forma meio inconsciente, mas não significa que não podemos controlar.

Me lembro do filme Closer, nessas horas de divagações. E da personagem da Natalie Portman, que decidiu tanto uma hora, quanto a outra, pelas suas ações.

Heloísa Sérvulo da Cunha disse...

Nina,
Muito boa a reflexão.
Essa preocupação com o futuro afetivo-amoroso das nossa meninas é bem procedente. Principalmente nesses tempos de relacionamentos difíceis.
Quanto ao término do amor, acho que a vontade pode interferir, sim. Se o amor é de mão dupla, e está andando só em uma, não há como mantê-lo.
Beijos.

Danny disse...

Também quero que a minha pequena caminhe em mão dupla com o amor, assim saberei que ela será feliz.
Adorei o post, muito lindo!
Bjs!

Anônimo disse...

Na estrada do amor, sempre dá mudar o rumo, nem que seja pra pegar uma carona...

Beijo, moça.

Eu

3 x Trinta - Solteira, Casada, Divorciada disse...

Coisa bonita....Amor é presença sim, concordo.

Beijão,

Bela - A Divorciada

Nina disse...

Anônimo,

obrigada, para vc também.

Bj


Marcos,

Sim, mas alguns tem mais sorte que outros. Espero que ela tenha muita! Um caminho iluminado, como vc disse.

Bj

Nina disse...

Andarilho,

Eu adoro esse filme. Hum.. Não acho que a Alice/Jane decidiu deixar de amar. Acho que foi um processo de desencanto, que culminou naquele momento. Mas concordo que ela decidiu-se rapidamente quanto à ação a ser tomada.

(Aliás, sabia que na peça ela morre ao atravessar a rua na cena final?)

Bj

Nina disse...

Helo,

Obrigada, sempre gosto muito dos seus comentários.
Pois é, quando se caminha só na estrada que é feita para dois, é hora de reavaliar...

Bj


Danny,

Obrigada, e que nossas meninas sejam sempre felizes!

Bj

Nina disse...

Anônimo,

Que saibamos, então, reconhecer o momento de mudar, e ter força para tanto.

Bj


Bela,

Obrigada!
Eu acho que o presente deve sempre ser melhor do que o passado!

Bj

rebellion poetry disse...

Adorei o post! Visita o meu!
BJ

Patrícia disse...

Nina, desejo que sua menina saiba amar, que ela saiba se dar sem se machucar... Amar é bom demais... Na medida certa! Que nossas meninas saibam esta medida. Te confesso que estou aprendendo agora.

Beijos

Nina disse...

Rebellion Poetry,

Obrigada, volte sempre! Vou, sim, lhe fazer uma visita.

Bj


Patricia,

Pois é... Difícil ter a medida daquilo que não tem tamanho...
Que nossas meninas encontrem a felicidade. E nós, também!

Bj

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