Eu nunca fiz promessas de Ano Novo. Procuro, claro, traçar meus objetivos e determino o melhor caminho para alcançá-los.Todavia, eu acredito na ação e não, na intenção.
Minha vida não é exemplo para ninguém... Sou insegura, hesito bastante antes de uma decisão, paradoxalmente tenho um tanto de auto-indulgente...Contudo, quando quero mudar alguma coisa, mudo já. Nunca na segunda-feira. Nunca no ano que vem.
Quase sempre eu me calo mais do que falo, pois procuro viver sob a máxima de jamais lançar uma promessa em vão. Principalmente nas relações pessoais, persigo essa fidelidade entre palavras e sentimentos. Comprometo-me com aquilo que digo, transfiguro promessas em gestos. Ensino minha menina a ter também esse cuidado. Muitas vezes, ao ser repreendida, ela logo diz:
-Mamãe, eu juro que nunca mais faço isso.
E eu respondo: Só jure aquilo que você sabe que vai cumprir. E lembre-se que palavras não importam, o que importa é o que você faz.
Talvez no fim das contas, eu faça menos do que poderia. Até por excesso de cautela. Mas assumo as conseqüências e procuro agir de forma a que confiar em mim seja possível. Afinal, eu sei o quanto dói descobrir que a distância entre a intenção e o gesto não foi percorrida.
Embora aos tropeços, procuro seguir o princípio moral de Kant que diz:
"Age de tal maneira que trates a humanidade, na tua pessoa ou na de outrem, sempre e simultaneamente como fim e nunca apenas como meio."
Outro conceito que persigo é o da compaixão. Acho que este é um sentimento tão belo quanto o amor. Não confundir com piedade, que pressupõe um olhar de superioridade em relação ao sofrimento alheio. Ter compaixão é compartilhar o sofrimento do outro, sem julgar as razões alheias, sem preconceitos. Esse é meu grande desafio, a meta de crescimento espiritual que ainda não consegui atingir, mas busco. Não somente ver a todos como iguais, mas ser capaz de verdadeiramente colocar-se no lugar do outro. Como disse Buda: " Vosso sofrimento é o meu sofrimento, vossa felicidade é a minha felicidade".
É essa, então, minha mensagem de final de ano. O mantra da compaixão:
OM MANE PADME HUM
O Ano Novo não muda nada. Quem muda somos nós.