"É a vida, mais que a morte, a que não tem limites."

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

FOCO

O Marcelo Pereira de Carvalho, meu amigo talentoso, esteve viajando pela Nova Zelândia e tirou fotos incríveis. Entre tantas, uma me chamou a atenção pela escolha técnica que ele fez. Uma paisagem maravilhosa, lago azul, montanhas, picos nevados... E ele decidiu-se por destacar singelas flores amarelas. Escolheu o primeiro plano. 

Lake Hawea, Nova Zelândia, por Marcelo Pereira de Carvalho

No meio de tantas imagens lindas, essa voltou à minha mente várias vezes. Bela metáfora da vida. Escolhas. Foco. Podemos decidir fixar nosso olhar no horizonte distante, visualizar o futuro que não chegou. Ou podemos prestar atenção na beleza por vezes oculta do momento presente.
Tenho entendido que quem se entrega a devaneios não vive, que se deixar levar é uma forma de escolha, passiva, que nos rouba a autonomia. A espera do por vir não pode se estender indefinidamente. Os desejos convergentes se ajustam, é no ponto de fuga que aprofundamos a verdade.
Paradoxal que pareça, é o olhar para o agora, o cuidado na escolha de hoje, que vão nos aproximar do horizonte. As flores perecem, mas as montanhas continuarão ali, a espera de serem conquistadas. 

Sim, há essa dor, esse aperto no peito. O espanto dos olhos que não mais reconhecem o mundo. Há o vazio, o cansaço. A espera. À espera. Mas há, também, a recusa. Destino de outsider, não se conformar. Senhora dos meus labirintos, recuo e avanço, capaz, ainda, de me surpreender... E sigo a passos tortos, sem nada mais buscar, confiando ser encontrada.

domingo, 14 de novembro de 2010

POEIRA DE ESTRELAS

Quando criança, eu acreditava que os grãos de poeira iluminados pelo sol eram fadas...

Meu primeiro contato com Peter Pan foi através da leitura. Li e reli a adaptação de Monteiro Lobato para a obra de J. M. Barrie, sempre me perguntando por que não havia garotas entre os meninos perdidos...
Criança que era, identificava-me com Wendy, mas era fascinada pela Fada Sininho e sua personalidade cheia de extremos. Sininho fugia ao estereótipo da fada boazinha e, na verdade, era a mais humana das personagens. 
Para as crianças de agora, a Sininho chama-se Tinker Bell, como nos EUA. Ela fala, tem suas próprias aventuras, e se parece mais com uma adolescente atrapalhada do que com a fada sedutora, inteligente e ciumenta original. Minha menina adora a Tinker Bell, tem fantasia, bonecas, livros, filmes... Peter Pan tornou-se secundário, e minha filha esqueceu-se que a primeira vez que assistiu ao desenho da Disney, queria mesmo era ser a Tigrinha (Tiger Lily), a corajosa indiazinha que recusa-se a trair Peter.

Fadas são frágeis, e uma morre a cada vez que alguém diz que não acredita nelas. Mas quando Sininho bebe veneno no lugar de Peter Pan, há um jeito de salvá-la: bater  palmas e dizer que acredita em fadas!

Nesses dias em que tudo está difícil , a dor é tanta e a esperança, pouca, é essa minha vontade. Não sucumbir, bater palmas e acreditar! É possível, ainda. Entre dores e quedas, achar o riso através das lágrimas. Inventar o caminho possível, quando devaneios e mentiras se confundem.

Eu acredito! Eu acredito!

(Batam palmas por mim.)

Tinkerbell: You know that place between sleep and awake, the place where you can still remember dreaming? That's where I'll always love you, Peter Pan. That's where I'll be waiting.

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