"É a vida, mais que a morte, a que não tem limites."

sábado, 30 de agosto de 2008

Memórias

Dois blogs que eu gosto muito falaram sobre cheiros em posts recentes. Eu não tenho dúvidas sobre meus cheiros preferidos:

CHEIRO DE FILHA. É o melhor do mundo. Quando ela nasceu e trouxeram ela para mim, eu soube que a reconheceria pelo cheiro se não pudesse mais enxergar. Às vezes, no meio da noite, vou ao quarto da minha menina no escuro apenas para sentir o seu cheirinho de filha. De minha filha. Ela dorme, eu velo e o mundo fica em paz.

CHEIRO DE VERÃO. Vem após a chuva do fim de tarde. Cheiro de terra úmida, de chão quente e de flores plenamente desabrochadas. Cheiro de longos dias plenos de felicidade.

CHEIRO DE MAR. Tem também cheiro de férias e de infância. Surge de repente no alto da serra de Ubatuba e preenche todos os sentidos! É melhor ainda quando há neblina e não dá para enxergar o mar, apenas senti-lo próximo. Na Ilha em que moro, o mar não tem cheiro, e me parece um pouco menor...

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Eternidade

Ela foi o bebê mais bonzinho que já existiu. Dormia a noite inteira. Não chorava nunca. Jamais teve cólicas. Até para tomar vacinas era tranquila!
As pessoas me diziam que nenê dá muito trabalho, e que ia ser bem mais fácil quando ela crescesse.
Olha, no meu caso, não é assim! Agora que ela tem quatro anos, é absolutamente travessa. Faz manha de vez em quando. Chora por bobagens. Está testando seus limites, desobedecendo a mim, ao pai, à professora...
Mas é só agora, quando ela começa a busca de seu espaço, que eu me dou conta que ela não é parte de mim. Essa percepção me choca. Porque aquele nenê bonzinho era meu. Mas esta menininha, que é a minha cara, é um ser com vontade própria e às vezes tão diferente de mim!
Ela é exibida. Eu sou tímida.
Ela é agitada. Eu sou tranquila.
Ela gosta mais da aula de "Eduçação" Física. Eu sempre gostei de ler.
E com todas as diferenças, sempre há o momento em que nos olhamos no olhos e nos reconhecemos uma na outra. Porque também temos tanto em comum. Na personalidade, nos gostos, nos meus gestos que ela espelha. Nós nos completamos.
Ela é minha continuação. Esta é a verdadeira eternidade.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Mães e filhas

Eu tenho guardados uma infinidade de momentos especiais que fizeram diferença na minha vida, ao lado de minha mãe...
Minha mãe vive no mundo da fantasia e da imaginação. Ela sempre atrai as crianças! Às vezes ela fantasia tanto que acho que nem ela sabe o que é real! Este jeito desligado dela contribuiu para minha independência, eu tive que aprender a "me virar", a ter responsabilidade pelas minhas coisas, ela nunca foi de olhar caderno, de cobrar nota, lição de casa, nada disto.
Lembro-me das brincadeiras da infância, minha mãe sempre foi a mais criativa! E deixava que eu e minha irmã brincássemos com TUDO, não importa o valor!
Na adolescência nossa casa era ponto de encontro dos amigos, as festas foram inesquecíveis! E acabavam sempre na cozinha!
Depois quando fui para a faculdade era sempre ela quem me ajudava com dinheiro, comida... Muitas vezes deixando de comprar coisas para ela e para casa.
Aliás é uma característica dela, ajuda sempre os outros e se deixa ficar por último. Quantas vezes nossa casa foi desfalcada de coisas que ela deu para quem elogiou!! Inclusive os lindos quadros, manifestações do seu grande talento artístico.
Minha mãe me ensinou os dois lados da moeda, a ser desapegada, a doar o que temos em excesso, mas aprendi também a preservar aquilo que é especial, porque muitas vezes sofri ao ver nossos "tesouros" indo embora....
Outra coisa que aprendi com ela foi a gostar da casa cheia, gostar de festa e dar valor a família.
Eu acredito que herdei dela o otimismo, sempre acho que tudo vai acabar bem, acredito que tenho proteção especial de Deus.
Eu sinto falta de conviver mais com minha mãe, de conversarmos mais, de a minha filha estar próxima dela, aprendendo o que eu aprendi, a ser feliz, a criar, a acreditar.
Na minha mesa de cabeceira está sempre uma foto dela, linda, moça. Ao lado, uma foto da minha menina. Mostrando que nossa história ainda está sendo escrita...

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Histórias fazendo nossa história

A nova brincadeira preferida dela comigo é "contar histórias". Mas do nosso jeito! Uma começa com uma frase. A outra continua. E assim vamos, nos alternado até o final. Delícia esta brincadeira!
Posso conhecê-la melhor, saber dos seus gostos, dos seus medos, das suas preferências...Eu coloco as situações e pela forma que ela continua eu sei o que que passa com ela. No momento, seus maiores interesses são princesas, bichos e brincadeiras na escola!
A imagem da "mãe" nas histórias dá sempre um friozinho na barriga! Mas até que estou me saindo bem, acho.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Ilhas

Minha filha tem irmãos (por parte de pai), mas não convive com eles, devido a distância. Eles se amam, fazem a maior festa quando estão juntos, mas quase não se vêem.
Nossa família - eu, ela e o pai - é uma ilha, assim como o lugar em que moramos.
Os avós, os tios, primos, moram todos longe.
Eu sinto tanto que ela não tenha o que eu tive na infância!
Minha irmã sempre foi minha companheira de brincadeiras. Meu irmão veio bem depois e foi nosso bebê. E depois, quando morou comigo, meu amigo. Tempo tão bom! Ai que saudades!
Minha menina merecia ter os tios bem pertinho!
E nada como as tardes nas casas dos avós, abrir a geladeira cheia de "confort foods", desbravar os quintais, ficar perto do melhor carinho do mundo!
Vô e Vó são coisas como não há igual no mundo de tão bom! E os da minha menina de cachos estão tão longe...
As primas gêmeas são quase da mesma idade, a adolescente poderia ser um modelo de beleza e um aprendizado de comportamento, elas todas perdem tanto com esta distância.
Eu queria tanto, tanto todo mundo bem pertinho...

Oi?

Duas mães conversando na porta da antiga escola da minha filha, hoje. Indignadas:

- Nossa, já está na hora dela mudar, só pensa em trabalhar!

- É, ela não pára, não pára!

- Tem que aprender a ver televisão, novela, ler a "Caras".

- É, para ter assunto.

Ainda bem que mudei minha filha de escola!

domingo, 17 de agosto de 2008

Homenagem

Acalanto – Dorival Caymmi

É tão tarde
A manhã já vem
Todos dormem
À noite também
Só eu velo
Por você, meu bem
Dorme anjo
O boi pega Neném

Lá no céu
Deixam de cantar
Os anjinhos
Foram se deitar
Mamãezinha
Precisa descansar
Dorme, anjo
Papai vai lhe ninar
"Boi, boi, boi,Boi da cara preta
Pega essa menina
Que tem medo de careta"

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Pais

Eu fico triste por estar longe do meu pai. Triste porque não tenho mais avôs. Meu avô materno era calado, distante. Acho que ele não sabia muito bem como lidar com crianças. Eu sou a neta mais velha e quando entrei na adolescência ele me abriu o mundo dele. O quarto secreto, cheio de passarinhos e gibis do velho oeste. Pena que ele se foi tão cedo!
Do meu avô paterno sinto falta quase todos os dias. A casa dele e da minha avó tem a luz da minha infância. No ano passado viajamos no dia do aniversário dele. À nossa frente, um carro com placa de uma cidade com o seu nome. Pude senti-lo por perto, me protegendo.
Tenho saudades de todos os que não estão perto e de todos os que se foram...
Crescer é difícil e nunca acaba.

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