"É a vida, mais que a morte, a que não tem limites."

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

PEDRA PRECIOSA

Estávamos na chácara, ela pintando pedras com minha mãe. Alguns minutos gastos estudando cada uma delas, para descobrir a figura que se oculta no aparente nada.

- Tem que prestar atenção para encontrar o desenho de cada uma, mãe! 

E surgiram animais, casas, frutas, pessoas...

Eu ando assim, também. Procurando ver as formas belas que estão ocultas nas pedras da vida. E é minha filha quem tem colorido essa história.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

MINHA JANELA PARA O FUTURO


Em todos os lugares em que trabalhei, dei um jeito de ficar próxima a janelas. Gosto de observar as mudanças de luz, as nuances que tornam o que é igual sempre novo. E mais do que tudo, preciso de amplitude, enxergar a possibilidade de ir além. Por isso não gosto de shoppings e suas luzes artificiais, iguais em todas as partes do mundo.


Ontem trouxe minha menina para o trabalho. Ela dormiu nas cadeiras em frente à minha mesa, sob a janela. Foi a mais bela paisagem que já tive. Observá-la expande meus horizontes e me dá a certeza de que vale a pena seguir.



quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

ESTE BLOG ESTÁ DE LUTO PELA MORTE DE D. ZILDA ARNS

Tenho pouquíssimos ídolos. Na maioria, gente comum que fez a diferença na vida de pessoas comuns, ao agir de maneira incomum. Pessoas capazes de inspirar e multiplicar o bem, na mais ampla acepção da palavra. Betinho foi um deles. D. Zilda Arns, outra.
Brasileira incomparável, incansável em seu trabalho sério e exemplar à frente da Pastoral da Criança. Ressaltando que a Pastoral da Criança está acima e além de diferenças religiosas.

Falando sobre a mãe, Nelson Arns deu ao jornal "O Globo" uma declaração que, creio, resume quem foi D. Zilda Arns. Para ele, ela cumpriu sua missão e morreu fazendo o que gostava:

- Arriscaria dizer que, se ela soubesse que, indo para o Haiti, iria morrer,mas salvar vidas, ela iria.

A Pastoral da Criança precisa sempre de doações e voluntários, ajude:
Se tiver problemas de acesso, tente:
No susto do luto e na pressa da homenagem, faltaram-me palavras. Um amigo enviou-me o link de um texto que diz tudo o que eu gostaria de dizer sobre essa mulher de sorriso sempre aberto. Leiam o texto, no blog do Mario Viana, dramaturgo e roteirista:

Update:
Contei a história de Zilda Arns e da Pastoral da Criança para minha menina, e ela decidiu doar todo o dinheiro do seu cofrinho para a obra.


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

DE PEQUENO PRÍNCIPE A GRANDE HOMEM

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."

Nunca gostei dessa frase. Ela diz exatamente o contrário do que penso sobre o amor. Amor é liberdade, para si e para a pessoa amada. Cativo é escravo, e não quero aqueles que amo, ou que me amam, presos a mim. Tampouco quero assumir a responsabilidade pela vida alheia, pior ainda, pela eternidade afora... Quanto egoísmo há em amar alguém e entregar a ele a própria vida.

Essa visão de que amar é "pertencer a alguém" é bastante popular, eu sei. Há filmes, livros, poemas, músicas. Eleita "a música da década de 80", a linda melodia de "Every breath you take" do The Police, me causa falta de ar só de imaginar alguém me vigiando a cada vez que eu respiro. A cada vez que eu me movo...O próprio Sting, mais esperto e melhor casado, alguns anos depois cantou: "If you love somebody, set them free" (se você ama alguém, deixe-o livre). Djavan cantou: "vem me fazer feliz porque eu te amo". Para piorar, ainda completa "esqueço que amar é quase uma dor. Só sei viver se for por você." Como assim? Como dizem em inglês, get a life.

Amor - seja por quem for, Deus, pai, mãe, filhos, amigos, amantes, parceiros - é alegria, é doação desinteressada, é compartilhar e principalmente, agregar. Acrescentar descobertas e experiências à vida do outro e à minha. Amor é movimento, seguir em frente, desfrutar o caminho. Cuidar sem vigiar. E não, cativeiro.

Eu amo minha filha, sei que ela me ama. Mas não sou eu a responsável pela felicidade dela, embora seja uma das responsáveis por seu bem-estar, enquanto ela ainda é criança. E a melhor maneira de demonstrar meu amor por ela é ensiná-la a ser livre e a amar a si mesma. Só aquele que encontra a felicidade por si é capaz de dividi-la.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

DREAMCATCHER

Minha menininha está doente.
Nada grave, mas o suficiente. O suficiente para que eu queira que a dor dela seja minha. Para que eu a abrace com força, como se assim, pudesse roubar a febre que lhe furta os pulos e saltos.
Como me assusta a fragilidade dela. E esse medo me despoja um pouco de ternura, sou incisiva ao dar os remédios, ao fazê-la comer o mínimo, ao mantê-la sob o chuveiro para combater a febre. 

E depois a abraço tanto, tanto... Eu ainda mais frágil do que ela. E deitamos assim, juntas, lendo uma história com monstros imaginários, que não me causam sobressaltos como a possibilidade dessa doença boba não ir embora. E então ela dorme, mas eu não. Tenho nos braços o que é mais importante, e velo por ela. Sou a guardiã dos seus sonhos, para manter afastados os pesadelos. E só quando a vejo sorrir, o mundo volta ao seu lugar.

Para ler quando se está doente: Coraline - Neil Gaiman 
Para assistir, também: Coraline - Henry Selick

P.S. Dreamcatcher é um artefato dos índios Ojibwa (norte-americanos e canadenses). É um "filtro de sonhos", que mantém os pesadelos afastados

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