Já ouvi isso muitos vezes. Acompanhada por gargalhadas, pulos e palmas, essas declarações me mostram que minha menina é feliz.
Estávamos estudando quando começou a chover. Dessa vez, era uma tempestade. Raios, trovões e recorde de chuva. O barulho das pedrinhas me alertou, e eu a chamei para ver a novidade. Na varanda, nem precisamos chegar até o portão, o gelo empurrado pelo vento caía aos montes perto de nós. Ela recolheu um, outro, encantada com a primeira vez em que pegou granizo com as mãos. Entrei por uns minutos, e logo ouvi sons diferentes: era ela, que atraída pelas águas, pulava nas poças. Olhou-me entre desafiadora e tímida. Não pude resistir, e a incentivei a continuar.
E ela, dançando, estendeu sua infância até me encontrar.
Este é o dia mais feliz da minha vida.