Quando ela nasceu, achei que nunca mais eu ia ficar sozinha. Que ela era minha. Não é, claro. Cada um é só de si. Ainda bem que descobri a tempo.
Agora, ensino a ela a liberdade. E fico alegre quando a vejo tão feliz me dando tchau e indo sozinha para suas aventuras.
Este final de semana, ela foi. E quando voltou, perguntei:
- Sentiu saudades?
- Não deu tempo, mamãe, estava tão bom!
É bom vê-la forte, segura de ser amada, sabedora que estarei sempre aqui, esperando por ela. Mas é melhor ainda quando ela me pede:
- Mamãe, me dá banho e troca minha roupa? Eu sei fazer sozinha, mas estou carente...
(Carente, para ela, é quem gosta de carinho.)
Amar é isso: cuidar e libertar. Esperando pela volta. Porque quando se ama e é amado, há sempre um recomeço.